Uma tempestade me apanhou no meio de uma caminhada pela Avenida Paulista. Fui me abrigar na Galeria Gemini. Parei numa cafeteria. A ideia, claro, era esperar a tempestade passar e seguir para meu compromisso. Mas a chuva só fazia piorar.
Ali no balcão, sem nada mais a fazer, comecei a conversar com as pessoas em volta, todas aparentemente na mesma situação. Foi a partir desse momento que a estória começou a mudar de rumo…
No meio de uns 3 ou 4 executivos gordinhos e carecas, havia uma luz que a destacava. Loira, vestida elegantemente num tailleur bege, a saia uns 10 centímetros acima do joelho, uma blusa de seda com dois botões abertos, numa discreta ousadia. Uns quarenta anos, com uma atitude segura, de quem parece saber sempre o que quer.
Dois dos executivos tentaram alguma gracinha com ela, que com classe e bom humor ferino os descartou. Bateram em retirada. Numa troca de olhares, sem palavras, comentamos a situação. Foi a brecha para uma conversa se iniciar. Primeiro comentários jocosos sobre a desastrada tentativa de cantada, depois sobre a chuva. Hoje infelizmente fechados, os cinemas da galeria ainda estavam ativos. Um deles passava uma reprise de “Hannah e suas irmãs”, um dos melhores filmes de Woody Allen. Comento com ela que vou desistir de tudo – a chuva não diminuía – e iria me conceder uma sessão de cinema em plena tarde.
Ela abre mais os olhos:
– Não é má ideia. Você se importaria de me fazer companhia? Detesto ir sozinha…
Dizer não a uma dama como ela? Nem pensar… Num golpe de sorte a próxima sessão se iniciava em quinze minutos. Compramos os bilhetes e entramos. Lá dentro ela sugere que fiquemos na última fileira. Naquele cinema, esta linha de poltronas ficava separada do corredor do fundo por uma parede de ao menos 1.80m de altura. Quem estivesse lá atrás, inclusive o projecionista, não poderia nos ver. Não havia mais ninguém na sala. Quando as luzes se apagaram, éramos só nós.
E antes do fade-out das luzes, pude notar suas coxas, muito bem torneadas, que se exibiram quando a saia subiu mais ao sentar-se. Ainda me sentia apenas um cavalheiro acompanhando uma dama nesse momento. Mas com várias ideias rondando minha cabeça…
– Nossa! Não tem ninguém aqui! Vamos poder ficar bem à vontade…
Ela disse isso, me fazendo pensar se era apenas um comentário, ou haveria algo mais no contexto. Uma sugestão. Ou uma sutil provocação?
O filme começa, e na penumbra percebo que ela não para. Mexe, cruza e descruza as coxas. Se conheço algo do universo feminino, isso me diz que está nervosa. Certamente hesita entre continuar a mulher séria do cotidiano ou ceder a uma outra mulher, cheia de desejos, que vive escondida em seus devaneios secretos.
Resolvo arriscar. Ou um tapa na cara, ou tudo agora começa. Apoio minha mão na sua coxa esquerda.
– Tudo bem? Não está confortável?
– S…Sim… Mas sabe: esse filme é muito bom, mas eu já vi duas vezes…
E falou sem mencionar – ou reclamar – sobre a mão que a tocava.
– A gente sempre pode improvisar outro filme, só nosso…
– Com essa mãozinha, é?…
– Inclusive com ela…
Ela solta uma gargalhada.
– Safado!
E apanha minha mão e a leva para baixo da saia, até o ponto vulcânico em que suas coxas se encontram. Numa calcinha já úmida.
Vem para mim. Me agarra, beija-me sofregamente. Abre bem as coxas, facilita minha mão que entra sob a calcinha. Dedos penetram uma buceta quente e molhada.
Ela sussurra gemidos, tentando ser discreta.
– Ah! Que loucura! Ninguém está vendo a gente não é? Pois então vamos…
Vamos? Ela se põe de joelhos no chão, abre o zíper da minha calça e liberta meu pau. Até dói de duro. Vai até ele, lambe todo seu comprimento, beija a cabeça, segura-a em seus lábios carnudos. Então começa lentamente a engolir, chupa-me suavemente, devagar, sem pressa. Sabe fazer…
Segue me enlouquecendo nesse movimento. Segura meu pau com a mão esquerda e vem com a boca engolindo boa parte e voltando.
Sem parar. Chupa com toda sua volúpia.
Nossa loucura segue, na forma inusitada em que começou. Até que tanto empenho dela me resultam num gozo que explode dentro de sua boca. Ela muda seu movimento de boquete suave para um frenético. E me bebe todo…
Volta à poltrona, apanha um lenço de papel na bolsa e passa nos lábios. Vem sussurrar na minha orelha:
– Nossa! Nunca imaginei isso acontecendo! …Espero que tenha gostado desse nosso filminho…
E como! Mas o filme não acabou…
Abro sua blusa, levanto seu soutien. Chupo o seio esquerdo enquanto acaricio o direito. Inverto e sigo. Ela volta a ter aquela respiração arfante.
– O show tem que continuar querida…
Abraço-a, apanho-a e a deito no carpete. Naquele espaço exíguo em que mal cabemos, levanto sua saia e arranco sua calcinha. Caio de boca no calor da sua buceta. Lambo, chupo com fome seu grelo, enfio a língua. Ela geme, se contorce.
– Seu maluco! Olha o que está fazendo comigo!…
Geme mais e mais…
– Quer saber? Loucura por loucura, vem fundo. Me fode, tesudo! Me fode gostoso, eu quero!…
Vou sobre ela, que apanha meu pau e me ajuda a mete-lo. Do jeito que era possível, com os ombros batendo o tempo todo nas poltronas, enfio tudo dentro daquela fornalha. Cada vez mais fundo, cada vez mais forte.
– Me beija! Se não eu grito e descobrem a gente!…
O beijo e a penetração profunda seguiram juntos. Longamente.
Nessa cumplicidade plena, tivemos um orgasmo inesquecível.
Deliciosa loucura…
O filme já estava terminando, voltamos a sentar nos recompondo. Tivemos um certo trabalho em achar a calcinha dela, mas a encontramos e, na medida do possível, voltamos a ser a dama e o cavalheiro apreciadores do bom e velho Woody Allen que entraram naquela sessão.
Quando as luzes se acendem saímos. Ela pede que saiamos separadamente, por segurança. Foi só nesse momento que notei sua aliança… Saí bem atrás dela. Tentando ter a aquela cara distante que não revelasse às funcionárias na sala de espera o que tinha acontecido.
Claro que queria alcançá-la ali fora, para conversarmos e trocamos telefones, essas coisas. Até para nos apresentarmos – por incrível que pareça – pois sequer disséramos nossos nomes.
– Dra. Evelyn! Que sorte encontrar senhora aqui! A gente estava desesperada atrás da senhora, estávamos indo na sua casa.
Parecem ser duas funcionárias dela, que traziam papéis para assinar. Pelo que pude entender, saíram do escritório com algum documento urgente para assinar e iam passar na casa dela, certamente ali perto nos jardins.
Preferi não me aproximar, pois certamente isso despertaria suspeitas. Volto àquela cafeteria em frente, fico lá esperando que ela se livre delas. Tomo um cappuccino, enquanto vejo que a conversa se alonga. Mas me distraio, e quando volto a olhar, ela havia sumido. Pago apressadamente e tento encontrá-la pela galeria. Em vão. São seis da tarde, a Paulista está cheia de gente.
Ela se foi…
Nada mais a fazer, pego um taxi tomando meu rumo. O rádio do carro toca alto:
” No escurinho do cinema,
chupando drops de aniz…”
Não seguro um sorriso. O motorista puxa conversa:
– Gosta da Rita Lee, doutor?
– Gosto do tema, cara. Do tema…
Escrito por Cavalheiro Discreto
Seja Premium