Conto Erótico Amador Brasileiro – Livre Somente Pela Dor :
Beatriz estava apreensiva com sua viagem que ele iria fazer. Sair do interior de SP depois de anos sem ver o mar e ir até Paraty era quase uma loucura mesmo, disseram seus amigos do trabalho e amigos pessoais. Pra ela que respirava textos, correções e reuniões o dia todo, qualquer lugar que não tivesse que usar saias e terninhos e roupas formais tinha gosto e cheiro de liberdade.
Decidiu por Paraty porque amava ler e ter mais paz, e ali, na semana da FLIP ela poderia ser livre, mesmo que o motivo da viagem fosse apenas a “leitura”. Há alguns anos ler era o seu refúgio e seu principal vicio. Era através dos livros que a sua mente se libertava e seus desejos mais secretos eram vividos, e ela uma pessoa tão presa ao comum poderia sonhar através das histórias lidas e relidas como um sonho.
No dia a dia Beatriz era uma mulher de tons neutros e pasteis, sempre muito bem arrumada, terninhos combinando com sapato e bolsa, maquiagem em tons neutros, unhas curtas e de cor nude enfm já podem imaginar com essa prévia. Para viajar, ela resolveu se rebelar. Espelhou-se na sua vizinha, uma punk assumida e muito sexy, e comprou roupas novas e pretas. Sua mãe olhou pra bagagem e disse: “Menina, você vai passar uma semana num velório”? Ela teve vontade de gritar: “Não, mãe! O preto vai me libertar dessa prisão de correr sem sentido que eu vivo”. Mas apenas deu um meio sorriso e continuou sua arrumação de malas e bolsa como se nada tivesse acontecido até para poupar a relação maternal.
Bia acordou assustada com o comissário do bordo dizendo: “Senhora, chegamos ao destino”. Ela sorriu intimamente e pensou: “Que destino? Eu, uma mulher solitária, buscando refúgio de férias num lugar aonde só vou me deparar com livros”. Mas essa tinha sido sua escolha e ela a manteria até o final, afinal de contas ela tinha uma personalidade muito forte, em uma semana a vida podia lhe sorrir e lhe oferecer algo excitante pra partilhar com os colegas de trabalho na hora do cafezinho.
Depois de horas dentro de um táxi, Bia finalmente chegou ao seu destino. Ao entrar na cidade, sentiu o cheiro doce e a maresia do mar, viu a pequena multidão andando pelas ruas com suas sacolas cheias de livros e pensou: “Sim, eu vou me fartar de ler… dormir e comer, literalmente”.
Chegou à pousada e conheceu seu quarto com cama king, ar condicionado, TV e frigobar. Pensou o que faria com uma cama tão grande e macia? Jogou-se nela, riu com gargalhadas altas e no meio da risada sentiu uma fome tremenda. Ao olhar no relógio, um susto! Já passavam das 14h. E isso pra ela, a menina que sempre comia pontualmente às 12h, era quase um marco, uma saída da rotina. No meio de seus pensamentos, o estomago roncou novamente: fome, esse era um problema fácil de resolver por ali.
Tomou um banho e foi trocar de roupa. Por um momento ficou na dúvida sobre o que usar nessa noite. Bia percebeu os comentários das pessoas da pousada ao dar entrada. Referiam-se a ela como uma participante do grupo, mesmo sem entender o que isso queria dizer. Sabia que os comentários se deviam as cores da sua roupa, e só por pirraça resolveu ir ainda de preto, mas com uma saia mínima que mostrava a brancura de suas coxas bem torneadas e sua linda bunda ficava com todas as curvas aparecendo.
Fome era só o que ela conseguia pensar ao descer as escadas. Uma fome que ela não estava acostumada, fome de cheiro e sabores novos. Decidiu que iria comer um bife mal passado, sentir a textura da carne e o sangue escorrendo das fibras deixando ela com mais fome ainda.
E eis que após minutos sentados na mesa do restaurante da pousada, um garçom resolve vir a sua mesa. Após olhar o cardápio já sabia o que pedir: um filé mal passado e salada crua. Que delícia foi ver o seu bife se aproximar da mesa, estava sedenta. Ele exalava um cheiro doce de sangue, uma cor vermelha paixão e de tesão.
Após olhar para o prato e talheres devidamente colocados a mesa, ela olhou pra um lado, pro outro, e ao perceber que estava sozinha, enfiou seus dedos no fundo do prato. Colheu o caldo vermelho sangue que escorria do file mal passado e chupou os dedos, sem pressa alguma. Sentiu aquele sabor de vida que escorria por entre os dedos e meio em devaneios ouviu vozes vindas da mesa ao lado. Ao virar o rosto viu pessoas ali sentadas, todas de negro como ela, homens e mulheres, mas entre eles tinha um olhar que a despia, a consumia por inteiro era um olhar de puro desejo incontrolável.
Sentiu-se ousada por alguns segundos, pegou os talheres, cortou um pedaço do seu filé e o levou a boca com as mãos, muito sexy. Lambeu a principio a ponta do pedaço de carne, olhando fixamente para aquele par de olhos negros que a consumiam. Mordiscou de leve a carne, a degustou sem pressa. Tinha fome. Uma parte dela não a reconhecia, mas estar ali brincando com um desconhecido a excitava cada vez mais e mais. Olhos fixos um no outro sem parar.
De repente, ele se levantou, ajeitou o terno preto super bem cortado e caminhou em sua direção. Por mais que deseje, não consegue desgrudar o olhar dos olhos hipnotizantes dele e se arrepia ao ouvir a voz ao seu ouvido dizendo: “Acho que você precisa de ajuda”, nossa foi incrível.
Sem conseguir respirar, ela sente ele se abaixar e o segue com o olhar. Ele esta ali, levando sua mão a sua coxa, ela se afasta e se retesa. Ele volta e diz: “Posso limpar sua coxa bem devagar, senhorita?”.
Passa os dedos sobre a coxa dela e o traz até seus lábios co muito, muito tesão, com um sorriso entreaberto. Diz baixinho: “Te ver sorvendo essa carne sangrenta com tanto prazer é uma visão dos deuses. Não poderia deixar que você desperdiçasse nada de verdade”. Nos lábios dela os dedos dele deixaram gotas do sangue da carne que pingaram em sua perna, era uma cena realmente de tirar o folego.
Beatriz vê ele se afastando da mesa e sentando novamente com seu grupo. Continua a conversar com eles como se nada tivesse acontecido, enquanto ela tem a sensação de que não está nem respirando. Fica uma dúvida no ar: isso aconteceu mesmo ou foi apenas fruto da sua imaginação? Será que estava ficando louca?
Termina seu almoço, e embora depois da cena que ela acha que aconteceu, seu filé perdeu toda a graça. Ainda sente o calor dos dedos dele passando sobre sua coxa e tocando seus lábios. Instintivamente ela passa os dedos sobre os lábios para ter certeza que não estão inchados, pois sente o calor que emana deles hera uma sensação muito diferente.
O restaurante encheu de uma hora pra outra e ela não consegue mais visualizá-lo da sua mesa, escuta apenas a sua voz que vai aos poucos se afastando. Entende que ele foi embora e se levanta também. “Chega de sonhos, Beatriz! É hora de descansar um pouco”.
A noite se aproxima e ela quer dar um passeio pela cidade. A programação da feira começa no outro dia cedo e ela quer aproveitar ao menos a noite na cidade. Como ser notívaga não é o seu forte, descansar um pouco agora pode ser uma boa pedida para que tudo continue bem.
Desperta com o telefone do quarto tocando e toma um baita susto. Toma outro susto ao olhar pra janela. Já é noite e no céu uma lua gigante parece querer invadir seu quarto. Atende ao telefone com a voz ainda arrastada: “Alô, Sra. Beatriz, seu convite pra festa de hoje já está aqui na recepção”.
Festa? Engraçado. Não se lembrava de ter fechado algum compromisso com o agente de viagens pra hoje à noite, mas pode ter se esquecido. Pensando no que seria o tal evento decidiu ir tomar um banho e se arrumar.
Ao se olhar no espelho viu a imagem de uma mulher sem graça e sem atrativos, não curtiu o modelito . Pele muito branca, um cabelo castanho cortado acima dos ombros, uns quilinhos a mais. Há anos prometia a si mesma que eliminaria, mas ainda não tinha tido disposição de enfrentar uma academia. Como a sua mãe dizia, ela era o tipo de mulher que não arrumaria um marido, mas pensando bem, quem queria um marido, né? Nessa altura e época que vivemos é muito dificel.
Bem, se era uma festa, ela usaria uma das suas roupas novas: short preto, uma blusinha de tecido transparente e um sutiã de renda. Pra dar um charme especial, uma meia arrastão e coturnos curtos. Olhou-se no espelho e pensou que essa roupa toda preta cabe uma maquiagem. Ficou feliz por sua sobrinha ter a convencido de comprar maquiagem nova e por sinal muito sexy, cores diferentes das que ela estava acostumada a usar no seu dia da dia.
Quando se viu no espelho, não se reconheceu. Estava bonita, com uma cara de menina levada, e pra confirmar isso resolveu abrir o primeiro botão da blusa e aprofundar o decote. Passou perfume e retocou o batom laranja bem chamativo. Numa ultima olhada no espelho até se achou sexy. Sim, ela estava sexy e muito!
Na recepção da pousada sentiu que as pessoas a olhavam com curiosidade e desejo. Sentiu-se bem chamando atenção de estranhos, isso deixou ela muito mais confiante de si. Pegou o convite num envelope preto e ao ler o que dizia ficou curiosa. Era apenas um endereço gravado com letras douradas, e dentro do envelope tinha um papel branco com um bilhete escrito: “Te espero na minha masmorra. Assinado por DOM T”.
Como não conhecia a cidade pediu informação na recepção e descobriu que o endereço era próximo dali. Levaria no máximo quinze minutos caminhando. A noite estava agradável, um vento de mar soprando, a lua iluminava as ruas de paralelepípedos, e ela seguia pra tal festa com um um ar de tesão.
Ao chegar à rua indicada ouviu uma música que entorpecia seu corpo. Era apenas o ritmo e ela. Seu corpo começou a se movimentar conforme a música, o quadril se movimentava, os braços de levantaram automaticamente e em segundos ela estava ali, no meio de uma cidade desconhecida, banhada pela luz do luar, dançando e rodopiando. Sentiu-se livre, completamente livre, livre dos seus dias chatos, livre da cobrança, de estar fora do peso, livre da família e da cobrança do casamento enfim livre de tudo que tinha vivido até então. Completamente livre! Era uma mulher que se sentia sexy e livre, e foi assim com um sorriso no rosto, com a música invadindo sua alma que ela chegou ao endereço da tal festa.
Era apenas uma porta enorme, de madeira antiga e escura, com um segurança na frente e uma escada que descia pra um lugar que parecia um porão. Era desse porão que a música vinha pra preencher seu corpo. O segurança pegou seu convite e disse num ponto eletrônico: “A convidada de DOM T chegou”, isso estava deixando ela cada vez mais curiosa com essa festa.
Ela riu por dentro e pensou: “Nossa, estou sendo aguardada”! Uma pulseira dourada foi colocada no seu pulso e o segurança disse: “A senhorita está sendo aguardada lá em baixo. Bom divertimento”.
A cada degrau descido, a música se tornava mais marcante, um cheiro forte de incenso invadia suas narinas, e ela chegou ao fim da escada. Deparou-se com outra porta entreaberta, vozes vinham de lá. Outro barulho que ela não soube identificar. Parecia couro estalando, e ficava um barulho abafado às vezes, algo que lembrava gritos e choro, mas que ela achava ser parte da música. Enquanto ainda tentava identificar a música, a porta se abriu por inteiro, um par de pernas masculinas vestido de calças claras surgiu. O olhar dela foi percorrendo aquele homem debaixo para cima, e qual não foi sua surpresa ao se deparar com o homem do restaurante, aquele que invadiu seus pensamentos durante boa parte da tarde, isso deixou ela muito exitada e num clima totalmente diferente do que ela já tinha vivido antes.
Ele estava ali, parado, esperando por ela, sorrindo… Com sorriso completamente aberto e uma das mãos estendidas, lhe disse: “Seja bem vinda a minha casa, doce Beatriz”.
Ele a segurou pela mão e abriu a porta totalmente. Nem se Beatriz vivesse mil anos, estaria preparada pra ver o que viu naquele momento. Pessoas vestidas, seminuas ou totalmente nuas. No fundo do enorme salão, avistou um X de madeira pregado na parede. Nele, um corpo feminino atado por algemas, completamente nua sendo açoitada por outra mulher vestida de preto e vermelho. Num outro canto viu um homem completamente e incrivelmente amarrado, imóvel e sorrindo. No meio do salão havia uma mesa humana, duas mulheres encostadas eram usadas pra apoiar copos e cinzeiros. Pra todo lado que olhasse haviam mulheres sendo puxadas por coleiras, homens sendo puxados por coleiras. Todos conversavam e bebiam como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. E… Bem, porque não seria, já pensava eu?
De repente se deu conta que estava apertando a mão de DOM T com uma força tão absurda que seus dedos começaram a ficar doloridos. Notou que não tinha dado mais do que três passos em direção ao centro da festa, eu estava muito ansiosa para o que poderia acontecer. Ele estava a meio passo a sua frente, com um olhar indagador, um meio sorriso. Ela imaginou que seu olhar devia ser de espanto misturado a desejo, porque ele voltou em sua direção e disse:
– Vou lhe apresentar o mundo BDSM, quer conhecer?
Ela pensou, fechou os olhos por segundos, reparou que estava tão excitada que podia sentir sua calcinha encharcada sob o sexo, e decidiu que sua resposta mudaria tudo que ela acreditava ser certo e errado, e sem pensar duas vezes sua resposta foi sim DOM T, eu quero conhecer o mundo BDSM.
Continua…
Autoria: Agatha Magalhães
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